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OTIMIZAÇÃO DE MEIO DE CULTURA PARA A BANANEIRA (Musa cavendishii L.)

Resumos

Através dos dados de concentração de nutrientes minerais da bananeira, formulou-se um meio de cultura específico para Musa cavendishii var. nanicão. Os resultados indicaram aumento das taxas de multiplicação mesmo com redução das concentrações de 6 - benzilaminopurin.

Musa cavendishii var. nanicão; multiplicação de gemas; meio de cultura


From the mineral nutrient content of the banana plant a specific growth medium was developed for Musa cavendishii var. nanicão. The results showed an increase in the multiplication rate even with the reduction of the 6 - benzilaminopurin concentration.

Musa cavendishii; growth medium


OTIMIZAÇÃO DE MEIO DE CULTURA PARA A BANANEIRA (Musa cavendishii L.)1 1 Trabalho apresentado no XLVI Congresso Nacional de Botânica, FFCLRP/USP, 1995

G.M. SOUZA2; A.N. GONÇALVES2

2 Depto. de Ciências Florestais-ESALQ/USP, C.P. 9, CEP: 13418-900 - Piracicaba - SP.

RESUMO: Através dos dados de concentração de nutrientes minerais da bananeira, formulou-se um meio de cultura específico para Musa cavendishii var. nanicão. Os resultados indicaram aumento das taxas de multiplicação mesmo com redução das concentrações de 6 - benzilaminopurin.

Descritores: Musa cavendishii var. nanicão, multiplicação de gemas, meio de cultura

BANANA (Musa cavendishii L.) PLANT GROUTH MEDIA OPTIMIZATION

ABSTRACT : From the mineral nutrient content of the banana plant a specific growth medium was developed for Musa cavendishii var. nanicão. The results showed an increase in the multiplication rate even with the reduction of the 6 - benzilaminopurin concentration.

Key Words: Musa cavendishii, growth medium

INTRODUCÃO

Diferentes meios de cultura com variações de seus componentes e de suas concentrações foram utilizados para a micropropagação da bananeira (Ma & Shii, 1972; Berg & Bustamante, 1974; Bower, 1982; Cronauer & Krikorian, 1984 e 1986; Gupta, 1986; Lameira, 1987). Entretanto, não foram encontradas observações e estudos sistematizados quanto a adequação da composição do meio de cultura aos diferentes genótipos, apesar da disponibilidade de dados na literatura quanto a nutrição mineral e seus efeitos no crescimento e desenvolvimento da bananeira (Dunlap & Macgregor, 1932; Cunha, 1948; Murray, 1960; Rodrigues, 1965; Twyford, 1967; Coke & Boland, 1971; Walsley Twiford, 1976; Boland, 1980; Martin-Prevel, 1980; Nobrega, 1983; Gomes, 1988). A importância da relação entre nutrientes minerais, suas concentrações e as necessidades específicas dos genótipos em determinados estágios de crescimento e desenvolvimento é reconhecida na literatura. A manutenção de relações adequadas e a densidade de fluxo dos nutrientes permitem a otimização e a maximização das taxas de crescimento relativo e de propagação das plantas (Waring et al., 1985; Ingestad, 1991 e Ingestad & Agreen, 1992).

Os objetivos deste trabalho foram : avaliar o crescimento e a multiplicação da bananeira em diferentes meios de cultura; estabelecer relações mais adequadas para os nutrientes minerais; e adequar as concentrações de BA (6-benzilaminopurina) para a multiplicação da variedade nanicão.

MATERIAL E MÉTODOS

O material utilizado consistiu de gemas de Musa cavendishii L. var. nanição provenientes de culturas in vitro previamente estabelecidos.

I) Obtenção de plantas axênicas: Os explantes foram obtidos de rebentos coletados em campo de 20 a 60 cm de altura. Estes foram lavados em água corrente e reduzidos a segmentos de 5 a 7 cm contendo o meristema apical, que foram esterelizadaos em solução de NaOCl O.4% v/v durante 30 min.. Os meristemas foram extraídos em câmara de fluxo laminar e inoculados em meio de cultura MS (Murashige & Skoog, 1962) suplementado com 5 mg/l (22.2 mM) de BA.

II) Obtenção da formulação específica de nutrientes minerais: A partir dos dados sobre os teores de nutrientes minerais da bananeira em estágio juvenil obtidos na literatura, foram calculadas as quantidades necessárias destes nutrientes para a produção de l5g de matéria seca por litro de meio no período de 30 dias de cultura (Correia, 1993). Com as concentrações totais de cada elemento foi feito uma distribição balanceada destes entre os sais utilizados na composição do meio de cultura.

Após a obtenção de uma formulação inicial, foram realizados ensaios comparativos com o meio MS. Estes ensaios foram realizados com 11 clones, cada qual com 16 explantes.

As culturas foram mantidas sob condições de temperatura e luminosodade controladas à 25 +-2°C e intensidade luminosa de 1600 lux com fotoperíodo de l6h.

III) Testes para adequação da concentração de BA: Os testes foram realizados com a utilização de uma amostra composta dos 11 clones disponíveis como fonte de meristemas.

Foram testadas as seguintes concentrações de BA em mg/l : O.O; I.25 (5.6 mM); 2.5 (11.1 mM); 5.0 (22.2 mM) e 10.0 (44.4 mM). Para cada concentração, foram realizadas 20 repetições. O meio de cultura utilizado foi o MBA (elaborado neste trabalho).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos para o número médio de brotações e altura no meio de cultura MBA inicial em relação ao MS estão apresentados nos conjuntos de gráficos 1 e 2.



As fonnulações inicial e final do meio MBA estão descritas na tabela 1.

Deve-se destacar que os coeficientes de variação obtidos nos ensaios (aprox. cv = O.37) são próximos para os meios de cultura MS e MBA.

Após a análise das primeiras avaliações, detectou-se deficiências de K, N, e Mn no meio MBA inicial, bem como um nível alto de oxidação fenólica, além de problemas atribuídos à altas concentrações de etileno, que resultaram nas seguintes alterações do meio, respectivamente : as concentrações de KNO3 e MnSO4. H2O foram elevadas para II.25 mM e 50 mM, respectivamente; adicionou-se 2 mg/l de ácido ascórbico e elevou-se a concentração de CoCI 2.6H2O para 20 mM.

Em virtude destas alterações obteve-se os resultados para o número médio de brotações, altura e rizogênese expressos no conjunto de gráficos 3.


As plantas provenientes da cultura com meio MBA modificado (final) apresentaram porte robusto e maior taxa de rizogênese.

Os resultados obtidos para número médio de brotamentos e altura, com a redução da concentração de BA são apresentados no conjunto de gráficos 4.


Constatou-se forte dominância apical nos meios sem o BA e uma baixa dominância nos meios com IO.0 e I.25 mg/l de BA.

Com os resultados obtidos neste trabalho, torna-se claro o expressivo potencial de otinização de culturas in vitro a partir de adequações dos nutrientes minerais, favorecendo a expressão natural dos clones para a sua multiplicação. Isto vem de encontro aos resultados obtidos por Correia, 1993.

Podemos considerar que uma relação adequada entre os nutrientes minerais é tão ou mais importante que a própria quantidade destes no meio de cultura, pois a concentração de um influi na absorção e disponibilidade de outro. E estes resultados podem variar entre os indivíduos, estando de acordo com os trabalhos de Waring et al., 1991 e Ingestad & Agreen, 1992.

Os resultados ainda sugerem a possibilidade de se adequar meios de cultura para a obtenção de resultados específicos bem como a adequação das concentrações exógenas de reguladores de crescimento.

CONCLUSÕES

De acordo com os resultados apresentados, foi possível concluir que :

1- A adequação das quantidades totais dos elementos e também das relações entre estes, favoreceram o aumento das taxas de multiplicação do material;

2- A adequação nutrientes minerais também favoreceu a rizogenese das plantas;

3- Existe uma relação inversa entre o número médio de brotações e a altura média das plantas;

4- A diminuição das doses de BA favoreceu a produção de gemas nos primeiros 60 dias de cultura. As concentrações de I.25 e 2.5 mg/l de BA permitiram que se atingisse o número máximo da média de brotações;

5- Em termos gerais, pode-se concluir que a formulação final do MBA com concentrações de I.25 mg/l iniciais a 2.5 mg/l finais de BA é o meio mais adequado e viável para a multiplicação in vitro da Musa cavendishii var. nanicão.

WALMSLEY, O.; TWIFORD, L.T. The mineral composition of "robusta" banana plant, sulphur, iron, manganese, boron, zinc, coper, sodium and aluminium. Plant and Soil, v.45, n.3, p.595-611, 1976

Recebido para publicação em 16.05.95

Aceito para publicação em 15.02.96

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  • 1
    Trabalho apresentado no XLVI Congresso Nacional de Botânica, FFCLRP/USP, 1995
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      26 Fev 1999
    • Data do Fascículo
      Jan 1996

    Histórico

    • Aceito
      15 Fev 1996
    • Recebido
      16 Maio 1995
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